Post by philiz on Feb 19, 2007 14:56:10 GMT -5
The Doors - Morrison Hotel
Introdução
Após The Soft Parade (que longe de ser um mau álbum, era bem diferente do que os Doors nos tinham acostumado) mais experimental e que integrava influências várias de Jazz entre outros elementos até então estranhos à música dos Doors, a banda regressou com um portentoso trabalho, regressando por um lado às origens e dando por outro um passo em frente no que diz respeito à transformação quase completa do quarteto numa banda onde os Blues dominavam quase tanto como o Rock.
O álbum teve o condão de recuperar boa parte dos fãs que se tinham de alguma forma afastado do trabalho da banda após The Soft Parade. Foi de tal forma um retorno que o álbum continua a ser até à data o disco mais vendido do grupo.
O outro nome do álbum (que raramente é utilizado, uma vez que se convencionou chamar ao álbum apenas Morrison Hotel é paradigmático do som que a banda seguiu: Hard Rock Cafe. Uma das curiosidades é de que, de facto, foi este "sub-título" do álbum que inspirou a abertura da cadeia internacional de restaurantes Hard Rock Cafe, tendo inclusive os Doors sido contactados por o fundador do Hard Rock Cafe, aquando da abertura do primeiro restaurante em Londres em 71.
Alinhamento
01. Roadhouse Blues
02. Waiting For The Sun
03. You Make Me Real
04. Peace Frog
05. Blue Sunday
06. Ship Of Fools
07. Land Ho!
08. The Spy
09. Queen Of The Highway
10. Indian Summer
11. Maggie M'Gill
Ano 1970
Editora Elektra
Faixa Favorita 01. Roadhouse Blues
Género Classic Rock
País EUA
Banda
Jim Morrison - Voz
John Densmore - Bateria
Ray Manzarek - Teclado
Robbie Krieger - Guitarra
Músicos Convidados
Giovanni Puglese - Harmónica
Lonnie Mack - Baixo
Ray Neapolitan - Baixo
Review
Morrison Hotel é, antes de mais nada que se possa afirmar, um verdadeiro clássico do Rock contemporâneo. Algumas das mais memoráveis músicas da banda encontram-se presentes: Roadhouse Blues, You Make Me Real ou Peace Frog.
O colectivo parece querer de alguma forma apagar o que se passou em The Soft Parade, fazendo através da música Waiting For The Sun a ponte para o álbum com o mesmo nome.
A forma como o álbum está construído e a direcção que toma é algo que se se torna analiticamente ambíguo. Em primeiro lugar, temos um regresso claro às origens. O som mais poderoso e frontal, sem tantos arranjos e experimentalismos está bem presente, remanescente do marco que foi o primeiro álbum da banda. Logo no clássico que é a primeira faixa dá para perceber esta tendência.
O som mais cru, bem mais dominado pela guitarra, pelos riffs e solos de Krieger, deixando de alguma forma menos espaço para o teclado de Rey, seria uns anos mais tarde explorado por bandas como Led Zeppelin ou Deep Purple.
Algumas temáticas líricas mais negras e menos alegres (como as que marcavam The Soft Parade) regressam, embora hajam ainda algumas músicas mais românticas. No entanto, Peace Frog é provavelmente a música de Doors mais gráfica retractando um acidente de viação sucedido quando Morrison estava ainda na infância.
Por outro lado, este álbum marca o começar de uma transformação que a banda completou em L.A. Woman (o último álbum com Jim), e que provavelmente teria continuado caso o mítico vocalista do grupo não tivesse falecido: Os Doors estavam a transformar-se numa banda de Blues.
Por um lado, a viragem para um estilo que explorasse melhor a vertente poética das letras de Morrison e por outro a integração de elementos bem típicos dos Blues (a harmónica por exemplo) faziam com que a banda explorasse uma nova direcção.
O penúltimo álbum dos Doors com Jim Morrison mostra-nos uma banda mais compacta, mas com dois membros a destacarem-se, casos do próprio Jim e de Robbie. Por um lado, Morrison com a voz mais "bluesy" tem uma das suas melhores performances em estúdio. Robbie ganha destaque (embora sempre tivesse sido o segundo letrista de músicas dos Doors atrás de Jim, com as músicas a serem mais orientadas pela guitarra.
Densmore na bateria continua com a sua peculiar fusão de estilos, sempre bastante criativa e competente. Ray tem menos destaque do que nos trabalhos anteriores, mas continua com um trabalho fantástico atrás do teclado.
Todo o trabalho é bastante coeso e as músicas seguem uma direcção homogénea (sem que isso torne repetitivo ou aborrecido a escuta do álbum), mas os dois clássicos da banda que aqui estão merecem uma chamada de atenção.
Começando contrariamente ao alinhamento destaco Peace Frog. Baseado num episódio que ocorreu quando Jim era ainda uma criança, a música é em parte dominada pela guitarra de Robbie e pela voz poética de Morrison (a música é baseada num poema antigo do vocalista).
There's blood in the streets, it's up to my ankles
There's blood on the streets, it's up to my knee
Depois, a primeira faixa, Roadhouse Blues é das melhores da banda. Com um misto entre o Hard Rock e um "feeling" mais ligado ao Blues, a música é das mais conhecidas da banda. Os vocais de Jim soam frescos enquanto que Rey e Robbie se vão "gladiando" em diversas passagens. As letras são terrivelmente verdadeiras, com a poesia um tanto ou quanto fatalista de Morrison a vir ao de cima.
Well, I woke up this morning
And I got myself a beer.
The future's uncertain
And the end is always near.
Conclusão
No contexto geral do trabalho dos Doors, Morrison Hotel é "apenas" mais um enorme álbum. Tal como L.A. Woman e Strange Days só perde para o incrível homónimo da banda.
Essencial a qualquer pessoa que tenha no seu dicionário musical a palavra Rock em destaque e a qualquer fã de música de excelência, Morrison Hotel é mais uma prova cabal das potencialidades de uma banda que influenciou e continua a influenciar gerações.
PhiLiz